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IVANA TREVISANI BACHI
( Itália)
M. Ivana Trevisani Bachi, Bióloga, escritora e poetisa italiana, aposentada.
TEXTOS EM PORTUGUÊS – TEXTOS EM ITALIANO
TRADUÇÃO DE ZÉLIA BORA 1 E HÉRICA PAIVA 2
1. Nossa Terra
Sem esforço, sem ruído
sem um assobio do vento
a velha terra gira impaciente a ermo
no silêncio eterno.
Varrendo espaços
sacudindo a história,
desordenando vidas e mortes,
trilhas de paixões e emoções extintas,
forja a terra um novo presente.
Envolta pelo véu antigo da vida
ela gira mudando o ciclo celeste
A cada volta é incinerada e infestada
por estradas, muros,
cimentos e canais
empalidecendo o azul dos mares, ofuscando
as nuvens brancas
Assim, sempre mais desgastada e apagada
a grande espiral brilhante
gira como os outros planetas
rumo a um futuro vazio.
Expandem-se assim os mundos
Enquanto a terra, imenso arco-íris,
cumpre destruída seu destino pela insensatez humana
2. ALÉM DA VIDRAÇA (OLTRE IL VETRO)
Contra o vidro transparente de uma janela,
as asas de prata de uma borboleta se chocam
bate e rebate
sobe e desce cada vez mais alta
em seu pequenino voo
Choca-se para frente e para trás contra o vidro
transparente,
para a frente e para trás.
Choca-se em busca de liberdade
para a sua vida interrompida
Sobe e desce
repousa exausta
Em grande agonia bate e rebate,
a luz espera,
espera as flores, espera o mundo
lá fora
Procura saltar
além da vida e por fim
a morte chega.
3. O ÚLTIMO ABRAÇO (L’ULTIMO ABBRACCIO)
Um barulho ensurdecedor
rasga o silêncio das matas.
Violadas pelo ruído e a vibração dos dentes da
mostruosa lâmina,
serra gananciosa
vibrando sobre o tronco molhado
majestoso Faia
Range, o tronco
pende para um lado e outro
em um último abraço
enrroscam-se os ramos irmãos abraçando-se um ao outro
em um último abraço
enquanto a floresta estremece com esse barulho imenso
que finalmente sacode a terra,
enquanto a floresta desprotegida treme
de um grande pavor
e consternação diante de sua tragédia
Mudo, o imponente caule mutilado
chora clara seiva
mostrando as numerosas cicatrizes anelares
da secreta mensagem ao futuro.
Triste, contempla a sua
vida destruída em pedaços incompreensíveis
sem que entenda a mensagem silenciosa ao futuro.
4. SE EXISTE UM PARAÍSO... (SE CI SARÀ UN PARAD4.SE EXISTE UM PARAÍSO...
Se houver um paraíso
os animais lá estarão,
porque foram mártires
porque foram escravos.
Se houver um paraíso
os animais lá estarão,
desfrutando das pastagens infinitas do céu
beberão água limpa,
descansarão sob as sombras frescas
e aproveitarão o sol quente
entre as flores dos prados.
Se houver um paraíso
os animais ali estarão,
E aqueles que os amaram
se quiserem
os terão ao seu lado
Se houver um paraíso
eles lá estarão
Por já viverem o inferno.
Se houver um paraíso
eles lá estarão
e serão os primeiros
porque foram os últimos
sobre esta terra
e os verdadeiros últimos.
5.INCENDIO DOLOSO
Exílio!
delicados troncos carbonizados,
mortos, braços cortados
Clamam aos céus
pelo sangue verde
das árvores derramado
Esqueletos negros,
galhos espectrais
frente ao mar de línguas de fogo
que ardem
quando o sol se põe
com uma fúria frenética
Gemendo fraturados
gritando entre as brasas
os ramos ainda vivos
Impotentes
Lamentam a morte da
Grande floresta.
6. ILHA TERRA
Ilha terra
pontinho perdido no cosmos
esfera de luz
mares de safiras
florestas de esmeralda
pérola de vida
reservatório de pérolas
nos abismos do nada.
jóia preciosa em mãos vulgares,
sujas e perversas
Serás uma bola de sujeira,
só e diferente
Inútil e desperdiçada do universo
1 Doutorado em Estudos Portugueses e Brasileiros, Brown University, USA.
Professora de Literature Brasileira e Comparada, UFPB.
2 Doutorado em Linguística, UFPB
TEXTOS EM ITALIANO
TRADUÇÃO DE ZÉLIA BORA 1 E HÉRICA PAIVA 2
La nostra Terra
Senza fatica, senza rumore,
senza un sibilo di vento,
rotola, svelta, la trottola antica
con impaziente premura,
verso il nulla profondo,
nell’eterno silenzio.
Spazzando gli spazi
centrifugando la storia,
disperde spruzzi di vite e di morti,
lasciandosi dietro, nel buio passato,
scie di passioni e d’emozioni ormai spente,
per ingoiare sempre nuovo presente.
Caricata dal suo abbagliante compagno,
avvolta nell’antico velo di vita,
ruota, cangiante, la boccia celeste.
Ogni giro, si lacera
la verdissima veste,
Ogni giro si piaga d’incendi
e cicatrizza in deserti.
Ogni giro, avvizzisce
in rughe di strade e di muri.
Ogni giro si piaga
di cementi e canali.
S’ ingiallisce l’azzurro dei mari,
s’offusca il bozzolo bianco di nubi.
Così, sempre più spenta e sciupata,
ruota colle sfere sorelle,
nella grande Spirale lucente
che fugge con le altre Galassie
verso il vuoto futuro che attende.
Ruotando e correndo si dilatano i mondi,
S’affrettano, per compiere il loro destino
nell’immensa e leggera bolla iridata
che, alla fine, in un soffio,
scoppierà, per stupire, chi l’aveva soffiata.
M. Ivana Trevisani Bach
Oltre il Vetro
Contro la trasparente vetrata,
sbatte
la farfallina argentata.
Batte e ribatte
la luce l’attende.
Sale e scende,
risale e
riscende,
più in basso e più in alto.
Batte e ribatte,
un volo, un piccolo salto.
Picchia di nuovo, insistente,
di nuovo contro il limpido vetro,
di nuovo avanti, di nuovo indietro.
Batte e ribatte,
contro la lastra pulita,
contro l'ignoto diaframma
che blocca la vita.
Sale e riscende, si riposa sfinita.
Poi ricomincia la grande fatica,
e batte, e ribatte;
la luce l’attende,
l’attendono i fiori,
l’attende il mondo di fuori.
Cercare,
tentare di andare
al di là della lastra proibita
provare,
proseguire,
fino a morire.
*
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Página publicada em fevereiro de 2022
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